quarta-feira, 9 de junho de 2010

A propósito de umas pistas


O unicórnio estava tão cansado que, antes de falar, bebeu litros de água e comeu frutos silvestres com pão de ló. Respirou fundo e dirigiu-se a todos os presentes.
- Amigos, habitantes de Fantasia, todos sabemos que a princesa Ju desapareceu. Há sinais nos aposentos da princesa que não saiu por sua vontade. Ela tentou resistir deitando ao chão vários objectos e até mesmo um dos cortinados. Só podemos concluir que foi raptada.
- Disso não temos dúvidas. - disseram todos.
- O que não sabem é que quem a levou deixou para trás um rasto de água, pegadas com lama e algas. Quem raptou a princesa Ju vive no mar ou num local perto do mar.
Todos informaram que tinham percorrido os sete cabos e não tinham encontrado qualquer busca. Portanto, as buscas à beira mar tinham-se revelado infrutíferas. Além disso, se o raptor fosse anfíbio, a princesa não era e a esta hora estaria morta. Não. Não podia ser.
- Eu também acho que a princesa não foi raptada por um anfíbio. Acredito, no entanto, que foi por alguém que mora perto do mar. Os vestígios deixados para trás apontam para isso.
- Sim, é uma possibilidade - respondeu a Fada Violeta.
- De certeza que não viram ou encontraram nada nessa vossa busca? - quis saber o unicórnio Olho Azul.
- Nada! - disseram todos em coro.
- Têm a certeza? Algo me diz que viram algo de diferente e que trouxeram artefactos. Pensem bem.
Não têm que me dizer agora. Sei que estão muito cansados e precisam de recarregar baterias. Quando tiverem descansado, voltaremos a encontrar-nos.
Todos concordaram. Estavam demasiado cansados e abalados para se lembrarem de todos os pormenores da viagem.

Onde estás Ju?


Os anciãos, as crianças e todos aqueles que não puderam ir em busca da princesa Ju ficaram impressionados e tristes com os relatos dos porta-vozes dos sete grupos. Em todos eles tinha havido baixas. A morte tinha cercado todos os grupos arrebatando um ou mais elementos. Daí tanta desolação.
Tinham encontrado a princesa Ju? Como estava ela? Tinham-na levado até ao palácio para se recompor? Todos disseram que não tinham encontrado qualquer vestígio que conduzisse até à princesa Ju. Alguns disseram mesmo que não havia como resgatá-la. Parecia ter-se evaporado de Fantasia.
Ouviram-se então suspiros, ais e choros. A tristeza, o desânimo, o desalento apoderava-se de todos. Fantasia não fazia sentido sem a sua beleza, o seu sorriso doce, a sua amabilidade, a sua alegria, a sua eterna juventude. Ela era um Ser total! Um ser humano que se dava e ajudava todos sem reservas. Não tinha quaisquer manifestações de ostentação, o que acontecia noutras princesas que viviam com ela. Ju era pura de alma e coração.
Perante tanta desolação, a Criança reiterou que apesar de não terem encontrado vestígios da princesa nos sete cabos, não iam desistir de a procurar. Algo lhe dizia que a encontrariam. Tinham de continuar unidos e com esperança. Não era tempo de lamúrias, pois o que era necessário era definir outra estratégia para encontrar Ju.
A Criança estava a reunir novos grupos, antes de irem descansar, quando se ouviu um galope veloz não muito longe dali. Dez minutos depois apareceu o unicórnio Olho Azul completamente suado e extenuado pelo esforço da corrida. Estava totalmente recomposto do que lhe tinha acontecido na Festa do Solstício.
Que faria ele ali? Teria alguma novidade? Todos emudeceram à espera de uma explicação, que surgiria logo depois.