sábado, 14 de agosto de 2010




A viagem de meses e meses deixara todos extenuados e com as imagens mentais confusas e envoltas em densas e estranhas neblinas. Parecia que não tinham saído dali e percorrido Fantasia, em direcção aos sete cabos. Alguns sentiam que tinham andado em círculos e sem destino. Só se lembravam do objectivo: salvar a princesa Ju que tinha desparecido, provavelmente raptada do seu próprio palácio.

Longe, muito longe, no País dos Druídas, poderiam reencontrar a clareza para o seu pensamento e as respostas para salvarem a princesa Ju. A princesa, que se recusava a ser alimentada, ia definhando e, se os seus não se apressassem, em breve definharia.

Os Druídas eram muito sábios, filósofos, religiosos e com uma relação estreita com a Mãe Natureza. As mulheres tinham um estatuto diferente do dos homens, quase divino, por darem à luz. Eram guerreiras e tinham também uma ligação ainda mais forte à Natureza. Conseguiam ler runas. Tinham poderes mágicossem igual.

Nenhum dos elementos do grupo da expedição se lembrava, mas um deles tinha encontrado uma pedrinha e essa pedrinha era uma runa.

Quando se lembrariam? Quando iriam ter com Brigith? Será que chegariam a tempo de salvar a princesa Ju?


sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O regresso?

Foto de F Nando
*******
Vamos regressar a Fantasia? Será que a narradora consegue? Pode voltar a faltar-lhe a inspiração! Andou algo perdida e ainda não se recompos totalmente.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A propósito de umas pistas


O unicórnio estava tão cansado que, antes de falar, bebeu litros de água e comeu frutos silvestres com pão de ló. Respirou fundo e dirigiu-se a todos os presentes.
- Amigos, habitantes de Fantasia, todos sabemos que a princesa Ju desapareceu. Há sinais nos aposentos da princesa que não saiu por sua vontade. Ela tentou resistir deitando ao chão vários objectos e até mesmo um dos cortinados. Só podemos concluir que foi raptada.
- Disso não temos dúvidas. - disseram todos.
- O que não sabem é que quem a levou deixou para trás um rasto de água, pegadas com lama e algas. Quem raptou a princesa Ju vive no mar ou num local perto do mar.
Todos informaram que tinham percorrido os sete cabos e não tinham encontrado qualquer busca. Portanto, as buscas à beira mar tinham-se revelado infrutíferas. Além disso, se o raptor fosse anfíbio, a princesa não era e a esta hora estaria morta. Não. Não podia ser.
- Eu também acho que a princesa não foi raptada por um anfíbio. Acredito, no entanto, que foi por alguém que mora perto do mar. Os vestígios deixados para trás apontam para isso.
- Sim, é uma possibilidade - respondeu a Fada Violeta.
- De certeza que não viram ou encontraram nada nessa vossa busca? - quis saber o unicórnio Olho Azul.
- Nada! - disseram todos em coro.
- Têm a certeza? Algo me diz que viram algo de diferente e que trouxeram artefactos. Pensem bem.
Não têm que me dizer agora. Sei que estão muito cansados e precisam de recarregar baterias. Quando tiverem descansado, voltaremos a encontrar-nos.
Todos concordaram. Estavam demasiado cansados e abalados para se lembrarem de todos os pormenores da viagem.

Onde estás Ju?


Os anciãos, as crianças e todos aqueles que não puderam ir em busca da princesa Ju ficaram impressionados e tristes com os relatos dos porta-vozes dos sete grupos. Em todos eles tinha havido baixas. A morte tinha cercado todos os grupos arrebatando um ou mais elementos. Daí tanta desolação.
Tinham encontrado a princesa Ju? Como estava ela? Tinham-na levado até ao palácio para se recompor? Todos disseram que não tinham encontrado qualquer vestígio que conduzisse até à princesa Ju. Alguns disseram mesmo que não havia como resgatá-la. Parecia ter-se evaporado de Fantasia.
Ouviram-se então suspiros, ais e choros. A tristeza, o desânimo, o desalento apoderava-se de todos. Fantasia não fazia sentido sem a sua beleza, o seu sorriso doce, a sua amabilidade, a sua alegria, a sua eterna juventude. Ela era um Ser total! Um ser humano que se dava e ajudava todos sem reservas. Não tinha quaisquer manifestações de ostentação, o que acontecia noutras princesas que viviam com ela. Ju era pura de alma e coração.
Perante tanta desolação, a Criança reiterou que apesar de não terem encontrado vestígios da princesa nos sete cabos, não iam desistir de a procurar. Algo lhe dizia que a encontrariam. Tinham de continuar unidos e com esperança. Não era tempo de lamúrias, pois o que era necessário era definir outra estratégia para encontrar Ju.
A Criança estava a reunir novos grupos, antes de irem descansar, quando se ouviu um galope veloz não muito longe dali. Dez minutos depois apareceu o unicórnio Olho Azul completamente suado e extenuado pelo esforço da corrida. Estava totalmente recomposto do que lhe tinha acontecido na Festa do Solstício.
Que faria ele ali? Teria alguma novidade? Todos emudeceram à espera de uma explicação, que surgiria logo depois.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Em vão



O dia seguinte não foi, de facto, nada fácil embora o dia tenha começado bem.
Antes de reiniciarem a viagem, a Criança e os seus amigos tomaram o pequeno-almoço com o casal do farol no Cabo da Sereia, na bela casa que possuíam. Foi mais um momento agradável. Assim que terminaram, retomaram a viagem.
Depois de percorridos alguns quilómetros, todos pararam para beber água e descansar. Sem ninguém dar por isso, um dos elementos do grupo afastou-se um pouco. Foi dar a um belo jardim de rosas. O perfume era suave e inebriante e encantatório. O jovem duende sentiu-se atraído por um dos canteiros que exalava um perfume mais intenso. Sem saber bem como, viu-se cercado por cobras que o picaram e o fizeram desaparecer num ápice.
Os companheiros de viagem deram pela sua falta e foram à sua procura. Nada viram. Nem mesmo o jardim de rosas, que tinha desaparecido por completo. A Criança ordenou que se prolongassem as buscas e ficassem ali naquela noite. A fada que os acompanhava, disse que isso não seria possível pois estavam num local mágico que se transformava a cada momento e que raptava quem por ali se aventurasse. Todos ficaram algo desorientados por nada poderem fazer pelo amigo. Mas se era assim, o melhor era continuarem a viagem.
Andaram por vales e montanhas. Suportaram temperaturas altas que lhes secaram os lábios. Sobreviveram a trovoadas, chuvas torrenciais e ventos fortes. Por vezes, até Minedu era obrigado a caminhar. A viagem estava a ser um autêntico pesadelo. Até que o céu ficou limpo e o sol brilhou.
Os outros grupos também tiveram de se adaptar às intempéries e à irregularidade do terreno. Os sete grupos faziam as paragens necessárias para recarregarem baterias: comiam, bebiam e dormiam ao relento, em grutas, em cabanas improvisadas.
Passaram-se semanas, meses e as buscas revelaram-se infrutíferas. Nem uma pista sobre o paradeiro da princesa Ju. Os grupos foram chegando exaustos à Clareira das Decisões.
Algures num lugar lúgubre e triste uma princesa maldizia a sua sorte.
***
Foto de F Nando

segunda-feira, 24 de maio de 2010

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Início das buscas



*******


Entretanto os sete grupos deixaram a clareira em direcção aos sete cabos. A cada grupo coube a visita a um dos cabos. Enquanto caminharam dentro do perímetro que conheciam, avançavam com rapidez. Quando o primeiro grupo teve que subir montes íngremes, cheios de rochas e sem trilhos, a marcha abrandou. Ainda assim, continuaram a caminhar. O segundo grupo teve que ultrapassar outras dificuldades. Para além de ribeiras que transpunham a pé, foram ter a um dos muitos rios de Fantasia. Sem meios para irem para a outra margem, caminharam ao longo do curso do rio. O terceiro grupo avançou bastante e sem dificuldades. Aliás tiveram a ajuda preciosa da mulher-borboleta. Foi pura sorte. O quarto grupo perdeu-se para fugir às sucessivas aparições de um urso. O quinto e sexto grupos tiveram muitas dificuldades: cada grupo perdeu um elemento nos pântanos que desconheciam. O sétimo grupo, onde se inseria a Criança, também teve de ultrapassar algumas provas difíceis. Uma planície coberta de cinzas de um vulcão que entrara em erupção que os fez desviar do caminho, fazendo-os percorrer muitos mais quilómetros do que os que tinham pensado, sob uma nuvem cinzenta de nuvens que dificultava a respiração.
Só ao sétimo dia de viagem é que os grupos chegaram a cada um dos cabos. O primeiro grupo foi ter ao Cabo do Gigante onde, ao contrário do que o nome indicava, não havia lá nenhuma criatura gigantesca. Só o Cabo era realmente colossal, tanto que o mar ficava bem lá em baixo. Por outro lado, o farol estava completamente abandonado. Uma elfo, uma jovem e um duende entraram para ver melhor o interior do farol. O segundo grupo chegou ao Cabo das Mãos de Pedra. Aí havia a casa do faroleiro e o farol. O faroleiro recebeu-os bem, pois há muito ninguém o visitava ou ali passava. Ninguém falou no desaparecimento da princesa Ju, porque depressa constataram que o faroleiro nada sabia. Antes de partirem, o faroleiro deu-lhes a réplica de um barco, que costumava fazer manualmente para passar o tempo. Agradeceram o almoço, a prenda e puseram-se a caminho da Clareira das Decisões.
O terceiro grupo não teve melhor sorte no Cabo da Vela. O farol estava em ruínas e não viram ninguém. Um jovem apanhou do chão aquilo que parecia ser o coto de uma vela. Nada de interesse, segundo a maioria. O quarto grupo foi até ao Cabo da Lua. E não é que o Cabo tinha a forma da lua em quarto cresccente? Lá no fundo o mar estava calmo, tranquilo, azul. Os temerários desceram e um deles trouxe uma pedra com inscrições que ninguém soube decifrar, nem mesmo a fada que os acompanhava. O Cabo da Bela Vista foi encontrado pelo quinto grupo. O nome do Cabo correspondia à beleza do lugar e da Vista. Dali viram o mais belo pôr-do-sol que alguma vez tinham tido a oportunidade de observar. E ali pernoitaram. O amanhecer foi outro milagre. O sétimo grupo foi parar ao Cabo da Serpente. Aí encontraram uma velha senhora, com o rosto tisnado pelo sol e cheio de rugas. Não os recebeu nem bem, nem mal, mas todos perceberam que ela não gostava de visitas pelas palavras evasivas que trocaram.
O sétimo grupo foi ter ao Cabo da Sereia. No átrio da casa do faroleiro havia um lago com a estátua de uma sereia. O grupo foi recebido por um jovem casal de elfos, extremamente simpáticos. Todos ficaram ali instalados e passaram uma noite bem agradável. Este casal de elfos tinha-se intalado naquele lugar por gostar de sentir o barulho do mar e simultaneamente avisar as embracações que se estavam a aproximar da costa. Gostavam de viver assim. A Criança elogiou-lhes o conforto da casa e o estado de preservação do farol.
Ali não houve questões incómodas; apenas um convívio saudável, descontraído e simpático. Mas o dia seguinte seria bem diferente.

__________________

Nota: fotos de F Nando

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Na escuridão

Foto de F Nando
*******

Estava muito, muito escuro. Extremamente. O lugar era soturno, lúgubre e cheirava a água insalubre. Fazia um frio húmido azul esverdeado. A água escorria pelas rochas cheias de limos e fissuras cortantes. Ouvia-se o arfar rouco de uma qualquer criatura hedionda. Parecia estar ali. Sim, estava ali bem perto. A perspectiva da sua presença mortificava-a e assustava-a.
O medo parecia tomar forma nos sons, odores e formas que não se vendo, se podiam pressentir. Sentia medo de sufocar como uma indigente, numa local sem saída, sem luz. Depois havia aquela maldita humidade que lhe tolhia os movimentos e a obrigava a enrolar-se sobre si mesma. Que medo era aquele que a paralisava? Onde estava a sua coragem? Quando perdera os sentidos!? E por que os perdera?
Só um feitiço maldoso e poderoso poderia fazê-la prisioneira. Nunca fora de ter medo e receios infundados. Aprendera desde pequena, depois da morte dos pais, a sobreviver ao medo, ao escuro, ao desconhecido. Nunca nada a assustava. Excepto agora. Não sabia se estava acima da superfície ou sob ela, numa gruta qualquer ou numas masmorras.
Questionava-se também sobre a forma como fora ali parar. Aliás, perdera grande parte das memórias dos últimos tempos. Nem sabia quem era, como era. Tocou-se. Tocou o rosto, o cabelo, a roupa molhada e colada ao corpo, as mãos onde sentiu um anel. Era uma simples rapariga feita prisioneira ou que se perdera num dos seus possíveis passeios... Apeteceu-lhe gritar, chorar alto, porém ao ouvir o arfar rouco da criatura permaneceu bem calada.
Prestou maior atenção aos ruídos. O gotejar da água tornou-se mais audível, o cheiro de água podre era mais intenso, a respiração da criatura parecia cada vez mais perto. Precisava sair dali. Não havia nem uma luzinha. Nada de nada. Encostou-se às paredes da gruta. E esperou...

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Revelações

Foto de F Nando
***


A Criança e Minedu sobrevoaram os céus nocturnos de Fantasia durante algumas horas. Sobrevoaram povoações, montanhas escarpadas e a uma grande altitude. Sobrevoaram ainda a costa marítima, e todos os cabos. Nem uma única vez o amuleto brilhou ou deu uma nova indicação. Entre os voos a grande altitude e voos rasantes nada de diferente aconteceu. Desiludidos, Minedu foi pôr a Criança a casa. Despediu-se de Minedu com um grande abraço e entrou em casa pela janela do quarto, que deixara entreabaerta.


Foi directa à casa-de-banho, de seguida vestiu o pijama tentando não fazer muito barulho. Deitou-se de barriga para o ar, com as mãos debaixo da nuca. Reviu mentalmente tudo o que as fadas tinham dito e as buscas em vão que tinha iniciado. Mas as verdadeiras buscas começariam na manhã seguinte. Todos partiriam da Clareira das Decisões.


Por mais que tentasse, não conseguia dormir. Lembrou-se da primeira vez que viu a princesa Ju. Nunca vira uma jovem tão bonita, com uns olhos tão doces e serenos, com um sorriso tão meigo e que tratava todos da mesma forma. Gostava imenso de a ouvir falar, pois tinha sempre histórias interessantes para contar.


Estava envolta nestes pensamentos, quando bateram ao de leve na porta. Fingiu que dormia. Não se levantou nem respondeu ao chamamento. Voltaram a bater. Continuou a fingir que dormia. Então a porta abriu-se e a irmã da Criança entrou. Aproximou-se da cama e olhou para a Criança. A menina chamou-a. A Criança continuou a fingir. Mas de nada lhe valeu, pois a irmã acabou por acordá-la.


- Não deverias estar a dormir, minha menina? - perguntou a Criança.


- Sim, devia. Só que tive um sonho muito estranho que tenho que te contar.


- Não pode ficar para amanhã, maninha?


- Não. A não ser que queiras continuar à procura da princesa Ju às cegas?


A Criança olhou-a com surpresa, incompreensão e total perplexidade. Depois pediu à irmã que lhe contasse o sonho. Logo veria se era importante.


E a menina contou:


- Sei que às vezes sais à noite sem os pais saberem e que vais ter com amigos teus.


- Não me digas que já disseste ao pai e à mãe? Foram eles que te pediram para me vigiares?


- Claro que não, achas? Como te estava a dizer, esta noite tive um sonho estranho. Vi-te numa gruta, num lugar húmido e escuro. Estavas prisioneiro. E eu não sabia o que fazer para te salvar.


- E que mais? - perguntou a Criança curiosa, pois ali podia encontrar uma pista para chegar até à princesa Ju.


- Havia um monstro horroroso que se preparava para torturar a princesa Ju que não queria casar com ele. Ele insistia, ela chorava e quando ele ia para pegar nela ao colo, tu apareceste e o monstro deu-te um golpe brutal atirando-te contra as rochas. Foi nesta altura que acordei. Promete-me que não sais mais à noite. Nem que vias sozinho à procura da princesa.


- Que pesadelo, mana. Anda cá - e abraçou-a com carinho,- nada me vai acontecer.


- De certeza?


- Claro. Anda, vou levar-te para o teu quarto e só saio de lá quando estiveres a dormir.


- Upa! Que bom.


Ambas adormeceram. Mas aos primeiros raios de sol, a Criança e Minedu e todos os outros se encontravam na Clareira das Decisões. Depois do pequeno-almoço e das primeiras orientações, os sete grupos partiram em direcção aos Cabos, prestando sempre atenção aos perigos de uma viagem fora do perímetro conhecido de Fantasia.


segunda-feira, 3 de maio de 2010

Onde está a princesa Ju?


Foto de F Nando
*******


Antes que a Criança e Minedu deixassem o palácio da fada Violeta, a fada Sol aconselhou-os a procurarem o local onde o sol nasce. A Criança colocou mais questões, porém a fada Sol não soube (ou não quis) dar-lhes mais indicações sobre o caminho a seguir. De uma coisa tinha a certeza, a princesa Ju estava longe, muito longe. Talvez nem se encontrasse em Fantasia.
Foi com estas informações algo vagas que a Criança e Minedu se despediram das fadas. Desta vez, os riscos seriam maiores. Disso tinham a certeza. Quem quer que fosse o raptor da princesa, tinha-o feito com um objectivo muito específico. Mas qual? Porquê?
Antes de iniciarem as buscas, a Criança consultou todos os mapas de Fantasia. Ao longo da costa havia sete Cabos (o Cabo do Gigante, o Cabo das Mãos de Pedra, o Cabo da Vela, o Cabo da Bela Vista, o Cabo da Lua, O Cabo da Serpente e o Cabo da Sereia). Teriam de visitar cada um deles. Caso as buscas se revelassem infrutíferas, as fadas, os gnomos e os duendes, os come-fogo, os Pés Gigantes fariam turnos e ajudariam nas buscas. Teriam de encontrar onde o sol nasce, o que, na mente da Criança, era completa e cientificamente improvável.
A Criança reuniu com todos os voluntários e foram formados sete grupos. Cada um dos grupos inspeccionaria os diferentes Cabos de Fantasia. Já a Criança e Minedu sobrevoariam os céus de forma a acompanhar todos os grupos e trocar informações. Outras vezes caminhariam ao lado dos grupos. Só assim poderiam encontrar a princesa Ju.
A noite começava a cair quando todos decidiram descansar para iniciar as buscas aos primeiros raios de sol do dia seguinte. Todos se retiraram. A Criança e Minedu resolveram sobrevoar Fantasia, pois podia dar-se o caso de o amuleto voltar a brilhar permitindo-lhes seguir uma nova pista.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Encontro com as Fadas

Foto de F Nando
***


Anoiteceu e nem sinal dos habitantes do Palácio de Madrepérola. A Criança, cansada e desiludida, pediu a Minedu para regressarem a casa. Com a chegada da escuridão não conseguiriam ver nada nem ninguém. Continuariam no dia seguinte.
Assim que o dia nasceu, Minedu e a Criança elevaram-se nos céus. Voaram pelos céus de Fantasia sem que o amuleto lhes indicasse um caminho a seguir. Combinaram entre os dois passar de novo pelos locais do dia anterior. Além disso, foram ao palácio das Fadas. A Fada Violeta recebeu-os consternada, pois já sabia do que se tinha passado.
- Fada Violeta, a situação é mais grave do que as vossas previsões. Que se passa em Fantasia?
- Não sei explicar tudo o que está acontecer, porque pela primeira vez errámos nas previsões. Mas é terrível. Terrível.
- Já me apercebi disso - disse a Criança - pois nem o meu amuleto funciona como antes.
- Afinal não foi o unicórnio de olho azul que desapareceu. Foi a Princesa Ju que foi raptada na noite da Festa de Solstício. Ninguém pôde socorrê-la, pois a criatura hedionda que a levou deu a todos uma poção envenenada.
- Morreram todos?
- Não, Criança. Acordaram muito confusos. Ainda estão atordoados com a poção e assim vão ficar durante mais uns dias. - Explicou a Fada Violeta.
- Que vamos fazer?
- Vem comigo. Traz também Minedu. Meninas, venham connosco. - disse a Fada Violeta para as outras fadas.
Saíram do palácio e foram para o belíssimo jardim que havia nas traseiras. Sentaram-se todos em volta do lago e a Fada Violeta usou a sua varinha mágica. A princípio nada aconteceu. A fada repetiu o gesto e à tona da água surgiram rochas, depois algo que se assemelhava ao mar e um forte ou castelo. Tudo desapareceu num ápice. Eram as pistas que tinham. Quem as poderia interpretar? Qual o seu verdadeiro significado? Que outros poderes poderiam utilizar?
A Criança foi a primeira a falar depois de uns momentos de profundo silêncio.
- Que quer isto dizer? Estas pistas indicam-nos o caminho a seguir?
- Minedu, - disse a Fada Violeta - tu que conheces tão bem Fantasia, lembras-te de algum local?
- As rochas podem ser os rochedos de quaquer cabo de Fantasia que tenha um castelo ou forte. Há vários nesta nossa terra.
- Então é isso que devemos fazer. Ir a todos os cabos até encontrarmos a princesa Ju. Vamos? - perguntou a Criança.
- Calma, calma - pediu a Fada Violeta. - Esta foi a primeira opinião. Temos de ouvir outras.
Houve várias, claro. Uma das fadas, a Fada Luna, disse que conhecia um forte semelhante ao que surgira à tona da água em cima de uma montanha rochosa e que a água do mar podia ali estar para confundir. A Criança disse que concordava com a opinião de Minedu. Parecia-lhe longe de mais a princesa Ju estar num local sem acesso, como o forte em cima da montanha. O melhor era ir a todos os locais indicados e esperar que o amuleto voltasse a brilhar.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Amuleto em acção


Ainda mal se tinha deitado, quando a Criança acordou sobressaltada. O seu amuleto começara a brilhar continuamente. Não havia tempo a perder. Algo de grave se estava a passar em Fantasia. Vestiu-se rapidamente e desceu as escadas. Quando abriu a porta, já Minedu a aguardava. A Criança saltou-lhe para o dorso e ambos se elevaram nos céus.

O amuleto conduziu os dois ao palácio de Madrepérola. Bateram na maçaneta da porta, porém ninguém veio abrir. A Criança insistiu. Nada. Ninguém. Parecia que ninguém se encontrava no castelo. O amuleto da Criança voltou a brilhar.

A Criança e Minedu percorreram os céus à procura dos habitantes do palácio de Madrepérola. Talvez algo se tivesse passado lá dentro. O amuleto conduziu-os à Clareira das Decisões onde tinha decorrido a festa. Ainda havia duendes adormecidos e um ou outro habitante de Fantasia. Depois de Minedu pôr as patas no chão e se colocar em posição para a Criança descer, ela saltou para o chão e tentou acordar os que ali dormiam. Bem tentou. Abanou-os primeiro com cuidado e depois com um pouco mais de força. Nada. Algo de muito estranho se estava a passar. Ninguém conseguia dormir tão profundamente e não acordar depois de alguém os tentar acordar com energia.

O amuleto voltou a brilhar. Era chegado o momento de ir a outro lugar de Fantasia. Desta vez foi dar ao País dos Pés Gigantes. Estes estavam, ao contrário do que acontecera na festa, verdadeiras rochas. Não se humanizaram por muito que a Criança tentasse fazê-los falar.

Entretanto, por iniciativa própria, os dois encaminharam-se para os lados do mar. Talvez encontrassem alguém ou algo num Cabo ou numa das muitas praias de Fantasia.

Minedu e a Criança estavam cada vez mais preocupados e desorientados. Nunca o amuleto os tinha conduzido a um local ou à pessoa, animal, ser fantástico, que não estivesse em perigo. Um poder muito forte estava a enviar mensagens erradas. Que fazer? Continuar a procurar. Não podia ignorar o sinal de perigo que o amuleto emitia. A luz continuava a brilhar.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

A Festa de Solstício II

Foto de F Nando
***
As crianças e alguns adultos bebiam sumos naturais de laranja, de cenoura enquanto aguardavam o almoço. Outros adultos bebiam licores de frutos e vinho. Antes ainda da refeição, foram distribuídos morangos bem vermelhos, carnudos e docinhos e coktails de ervas. Depois seguiu-se o almoço. O primeiro prato foi javali assado no espeto regado com um molho à base de mel e bagas com salada de batata. O segundo foi peixe grelhado com salada de rúcula selvagem, abacate e bagas de romã. O terceiro foi lombo de porco companhado de maçã cozida. Havia também tartes de folhas tenras de alface e cenoura. Havia todo o tipo de sobremesas. Pasteis de maçã. Morangos embebidos em mel. Tarte de amoras. E fruta. Muita fruta, pois a terra de Fantasia era muito fértil.
Todos estavam felizes. Sentia-se essa felicidade no tom das vozes e via-se nos rostos sorridentes. A seguir ao almoço, depois de um breve descanso, seguiram-se as actuações musicais. Um grupo de rapazes tocou guitarra e, para surpresa dos habitantes mais velhos, um deles cantou de forma maravilhosa. No fim, recebeu muitos aplausos e elogios. Um grupo de meninas aprensentou uma dança alusiva ao tema da festa. Também elas cativaram o público. Depois foi a vez de todos dançarem. Havia rodas que se faziam e desfaziam com mais ou menos participantes.
Ao início da noite os mais jovens acenderam uma grande fogueira no centro da clareira e algumas tochas para iluminar o espaço. A festa continuava animada. O jantar foi ainda mais suculento: consomé de espargos; cataplana do mar, sapateiras recheadas, queijo de cabra e ovelha. Para beber, para além dos sumos de fruta, havia água e ponche de frutos do bosque bem fresquinho. O jantar foi uma animação.
A festa prolongou-se pela noite dentro até o sol raiar. Alguns adormeceram na clareira, outros regressaram a casa, outros ainda foram passear à beira mar. Os Pés Gigantes regressaram à sua terra. A Criança também foi para casa na companhia dos pais. A princesa Ju regressou com as outras princesas ao palácio. Os Elfos, os Gnomos e os Unicórnios foram ver o nascer do sol na praia. As fadas também ficaram a passear por Fantasia. Mas nem todos regressaram a casa...

A Festa de Solstício


A Festa de Solstício de Verão decorria no mês de Junho num espaço que confinava com a Terra dos Pés Gigantes, também eles grandes entusiastas desta festa. Os habitandes de Fantasia organizavam tudo a rigor. O espaço onde seriam servidas as refeições, o local onde se dançaria, o palanque onde se poderia discursar.

As mesas eram redondas e estavam decoradas com tecidos leves pintados com motivos alusivos ao Verão. À volta das mesas havia bancos de madeira de carvalho. O local do baile era uma clareira e das árvores em volta pendiam lianas com flores de papel que dava um colorido muito convidativo e aprazível ao olhar. O palanque era todo atapetado com ervas e decorado com tecidos coloridos e leves.

Os organizadores tinham-se esmerado na organização e decoração dos espaços para que todos os seres de Fantasia se esquecessem do que a Fada Violeta revelara à população. O tema dos trajes era o Verão e só se pedia muita criatividade a cada um dos participantes.

A hora do almoço aproximava-se. A pouco e pouco os habitantes iam chegando, surpeendendo os que já ali se encontravam. Os Elfos tinham optado por túnicas brancas pintadas à mão com motivos marítimos. Os gnomos optaram por um fatinho num verde muito mimoso com folhas de árvores aplicadas por todo o traje. Os unicórnios levavam em torno do pescoço véus com as cores do arco-íris. Os homens optaram por trajes informais. Calções em azul marinho e uma t-shirt com paisagens marítimas estampadas na frente. As senhoras optaram por vestidos longos, brancos, num tecido leve e adornaram-se com brincos, colares, pulseiras, ganchos e cintos feitos com conchas e outros materiais do mar.

A princesa Ju escolheu um vestido azul claro vaporoso que lhe assentava que nem uma luva. As outras princesas também escolheram tons pasteis: rosa, laranja, violeta, verde, amarelo. Traziam no cabelo grinaldas de flores. As fadas tinham optado por trajes longos brancos com folhas de hera como colares, pulseiras e grinaldas. A Criança também se esmerou. Trajava uma t-shirt castanha clarinha com folhas de árvores que a mãe aplicou e uns calções verde musgo. Na cintura trazia um cinto feito de cordas de barco. Minedu não precisava de muito. Ainda assim trazia ao pescoço um lindo colar de pequenos flores e folhas.

Estavam quase todos. Enquanto aguardavam por alguns que se tinham atrasado, um côro de meninas tocava flauta. Que bela música suave e doce! Transmitia tranquilidade, paz, alegria...

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Preocupações de uma princesa


Nesse fim-de-semana, a Criança não pôde ir ter com a princesa Ju. Tinha um compromisso inadiável com a sua família. Não podia deixar os seus familiares. Iria logo que pudesse. Aliás, não podia adiar esse encontro por muito tempo.
Nas noites que se seguiram, a princesa Ju não conseguiu dormir de tão assustada e preocupada que andava. Andava de um lado para o outro no palácio de madrepérola, onde brilhavam sempre luzes de presença. Ia também ver o unicórnio Olho Azul que era vigiado ora por gnomos, ora por elfos. Ia para os seus aposentos, pegava num livro que logo abandonava em cima da poltrona. Descia de novo para ver o unicórnio. Fazia perguntas aos vigilantes. Só conseguia dormir duas a três horas.
Certo dia, ao fim da tarde, a Criança visitou a princesa Ju. Em vez de se reunirem no palácio decidiram ir até ao retiro da princesa. Aquela praia à beira mar. Foram conversando à medida que iam caminhando. Tinham de reunir os habitantes na Clareira das Decisões. Era chegada a altura de falar abertamente com os habitantes de Fantasia e divulgar o que a Fada Violeta tinha revelado. Aliás, ela própria o faria, pois também iria estar presente. Tinha de haver uma união total não só para vigiar o unicórnio Olho Azul, como para prestar atenção ao aparecimento de estranhos e atentar nos seus movimentos, sem nunca o fazerem sozinhos.
Pouco tempo depois, fez-se a reunião na Clareira das Decisões. O unicórnio ficou no palácio, como combinado. Para surpresa de todos, até que acatou bem a decisão de não ir à reunião. Passeou nos jardisn do palácio na companhia de outros unicórnios.
Na reunião ficou decidido que durante o dia, eram os habitantes de Fantasia que o acompanhavam, sem ele saber ou se aperceber. Dos céus a Criança e Minedu também tinham essa missão de zelar pelo bem-estar do unicórnio. Durante a noite, não poderia sair do palácio e continuaria a ser vigiado.
Passaram-se meses. Fez-se uma festa do solestício de Verão, para comemorar esta estação que era tão mágica em Fantasia. Mais um evento fantástico e muito esperado por todos.
______________
Imagem retirada de

Decisões difíceis

Minedu


Minedu foi buscar Criança para a levar para casa. Na viagem, Minedu partilhou com a Criança as preocupações da princesa Ju. A Criança ouviu atentatemente tudo sem interromper o dragão de penas. Trocaram breves palavras acerca do assunto.

Depois do jantar, a Criança fechou-se no quarto a reflectir. Concluiu que ainda era cedo para agir. Teria de esperar que o seu amuleto se iluminasse. Não podia distrair-se muito, pois as informações da Fada Violeta não eram para ser esquecidas.

Há muitos anos atrás, algo muito grave tinha acontecido, mas ninguém tivera em consideração os conselhos de Edu, o elfo com poderes adivinhatórios, e uma das princesas do palácio de madrepérola acabou por ser raptada por uma ratazana gigante, sendo o seu cadáver encontrado numa clareira, muito tempo depois.

Desta vez era um unicórnio que corria perigo. Havia também a possibilidade de este desaparacer inesperadamente de um dia para o outro. Todos os unicórnios eram especiais, mas o Olho Azul era especialmente especial. A mãe que o dera à luz, morrera pouco depois de lhe dar vida. Além disso, não havia outros unicórnios tão brancos como a neve e com os olhos azuis, azuis como o mar.

Tinha, de facto, ser vigiado. A princesa Ju trataria de controlar as saídas e entradas do unicórnio do palácio. Minedu e ela, a Criança, vigiariam também por terra e céu as suas saídas. Era também necessário pedir a colaboração de elfos, gnomos, princesas e outros habitantes de Fantasia.

Todavia, antes de pedir essa colaboração, teria de conversar com a princesa Ju para tomarem essas decisões em conjunto. Visitá-la-ia no fim-de-semana a não ser que algo de estranho se passasse.

Entretanto o fim-de-semana chegou.
_____________________
Imagem retirada de

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Ju e o dragão de penas



- Que faz aqui princesa Ju?
- E tu, que fazes aqui? Alguém te pediu para me espionares? - respondeu a princesa.
- Não princesa! Voava pelo céu quando vos avistei e decidi descer para vos cumprimentar. Peço desculpa se a assustei.
- Sim foi um grande susto, mas estás desculpado.
- Não estás longe de casa? E a Criança.
- Estou. Estamos, não é verdade?
A princesa Ju não respondeu. Preferiu continuar a caminhar e Minedu caminhou a seu lado. Caminharam em silêncio por um tempo até que Minedu resolveu interromper aquele silêncio que a princesa impusera entre os dois.
- Sei que não devia intrometer-me e pode não responder se quiser, mas passa-se qualquer coisa, não passa?
A princesa Ju continuou a caminhar sem nada dizer. Depois voltou-se e com um brilho estranho no olhar disse:
- A Fada Violeta foi visitar-me e disse-me que algo muito grave iria acontecer em Fantasia. Temo que algo se passe com o unicórnio Olho Azul.
- Pois, pois... Compreendo. Além disso, ele tem-se comportado de forma tão estranha...
- É verdade. - Concordou a princesa Ju. - Tenho tanto receio que venha a desaparecer.
- Por que não pede ajuda a Criança?
- Estava a tentar encontrar uma solução sozinha. Por isso estou aqui! Penso melhor na praia.
- A Criança vai com certeza gostar de a ajudar.
- Por enquanto vou vigiar o comportamento e controlar as saídas do unicórnio Olho Azul. Quando for necessário chamarei a Criança.
Minedu explicou-lhe ainda que não se preocupasse que ele e a Criança viriam logo em seu socorro. A Criança saberia o momento ideal pois sentiria as palpitações, a ansiedade e o medo da princesa Ju.
Entretanto o sol descia no horizonte e Minedu perguntou à princesa se queria que ele a levasse ao palácio de madrepérola. A princesa agradeceu e subiu para o dorso do dragão de penas. Agarrou-se bem e levantaram voo. A paisagem era linda vista das alturas. Ju sentia-se livre e mais perto do céu. Minedu deu uma pirueta para que Ju sentisse essa emoção. Ju adorou a experiência. Nunca antes voara no dorso de um dragão.
Depressa chegaram ao palácio de madrepérola. A princesa convidou-o a entrar. Minedu respondeu que não podia pois tinha de ir buscar a Criança à escola.

____________________
Nota: Foto de F. Nando

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Retiro



Na manhã do dia seguinte, bem cedo, a princesa Ju saiu sozinha do palácio de madrepérola. Embrenhou-se na floresta com passos suaves e seguros. Observou as árvores centenárias, as margaridas, as violetas, os lilases e outras flores campestres que já tinham florido. Ouviu o canto dos pássaros, o choro dos riachos, a música das cascatas.

Na mente da princesa Ju surgiam um número sem fim de ideias que ora se completavam e faziam sentido, ora colidiam umas com as outras. Só sabia que tinha de arranjar uma solução para proteger o unicórnio Olho Azul. Não podia deixar que desaparecesse assim sem mais nem menos. Além disso, ainda achava prematuro pedir ajuda à Criança.

Ju caminhou até ir dar à praia. Era aí que as suas ideias ficavam mais claras. Era esse o seu retiro: uma pequena praia de areia branca e muito fina, com alguns rochedos. O vaivém das ondas, o azul do céu e do mar a fundirem-se no horizonte tranquilizavam-na. Inalou tragos de maresia e fechou os olhos. E viu. Mas o que viu era tão horrível que abriu logo os olhos. Uma lágrima caiu pelo seu belo rosto.

Para se acalmar, fez alguns exercícios de respiração. Depois disso ergueu-se e caminhou pela praia. Não sabia como impedir o desaparecimento do seu unicórnio Olho Azul. Não podia simplesmente prendê-lo! Morreria com certeza. Ele era um ser livre e fantástico. Não, não podia ser. Essa não era a solução. E se ela mesma fosse ter com as fadas e pedir-lhes que fizessem uma nova previsão? Não era mal pensado. Sim, faria isso!

Ju estava nestas cogitações quando lhe tocaram nas costas. Ju assustou-se e deu um grito. Depois voltou-se e deu de caras com quem a retirava da calma do seu retiro. Como ousavam interrompê-la?
____________
Nota:
1- Foto de N Augusto
2- Foto de F Nando

domingo, 28 de março de 2010

A Fada Violeta


Quando a princesa abriu a porta viu que o visitante trazia uma capa e um capuz violeta que lhe cobria o rosto. Quando o visitante tirou o capuz, já nos aposentos privados da princesa, a princesa Ju constatou que se tratava da fada Violeta.

A fada Violeta tinha um olhar triste, algo distante, e os seus gestos crispados denotavam preocupação e um certo nervosismo. Ju, que nunca a vira assim, ficou apreensiva. Não era hábito uma fada deslocar-se sozinha ao palácio de madrepérola.

- Que se passa fada Violeta? - perguntou Ju.

- Desculpe incomodá-la princesa Ju, mas não teria vindo se não fosse realmente grave.

- Não me incomoda nada. Diga-me o que tanto a perturba.

- Como sabe, as fadas costumam reunir-se ainda no Inverno para antever o que possa vir a acontecer em Fantasia.

- Sim. Conheço o vosso ritual de previsões antes do início da Primavera.

- E que vos traz cá então? Há alguma novidade?

- Há e não é nada agradável - parou e respirou fundo. - Algo muito grave está para acontecer em Fantasia.

- Conseguiram ver quem ou o que é que corre perigo? - perguntou a princesa Ju.

- Mais ou menos. Não ficou muito claro. Só sei dizer-vos que começará com o desaparecimento de um dos vossos unicórnios.

- Olho Azul?

- Não sei dizer-vos. Também não consigo dizer-vos mais quanto ao resto.

- Teremos de nos organizar muito bem. Acho que o unicórnio Olho Azul pode vir a desaparecer. Além disso, sempre que a Criança pressente perigo vem logo em nosso socorro.

A fada Violeta ao ouvir o nome da Criança sorriu ao de leve. Passado algum tempo, foi-se embora. A princesa Ju ficou muito séria e pensativa. Como deveria agir? Deveria chamar já a Criança e pô-la ao corrente desta conversa?

_______________________
Imagem retirada de

quinta-feira, 25 de março de 2010

No palácio da princesa Ju


Diferentes habitantes moravam no palácio de madrepérola. No rés-do-chão, ficavam os unicórnios. No primeiro andar elfos e duendes. O terceiro andar era da princesa Ju e de outras princesas da sua família e de outras famílias de Fantasia.

Ju gostava de passar algum do seu tempo com os outros habitantes. De manhã, estava com os unicórnios, afagava-os, falava com eles e, por vezes, até montava um pouco. Para Ju, eles eram todos iguais, embora preferisse o Olho Azul por ser muito, muito dócil. Sem explicação, o comportamento deste unicórnio mudou drasticamente. Sempre que saía, começou a ter comportamentos estranhos, muito estranhos. A princesa Ju esperava que a Criança a pudesse ajudar.

À tarde, depois de almoçar com as princesas, a princesa Ju descia ao segundo andar para estar com os elfos e duendes. Como era Inverno, contavam histórias e aventuras uns aos outros, jogavam aos enigmas e cantavam belas canções.

Depois desses momentos, subia aos seus aposentos. Aí juntava-se às outras princesas. Todas faziam o que mais gostavam. Umas faziam grinaldas de flores de papel, outras cozinhavam, enquanto Ju ia para a sala de música tocar flauta.

Todos viviam em perfeita harmonia. As refeições eram em comum, na grande sala de refeição e não havia empregados. Todos se organizavam em grupos para que nada faltasse na despensa do palácio e na mesa. Se havia dúvidas, todos consultavam Ju, a verdadeira dona do palácio de madrepérola. Os pais viviam numa outra clareira, algo afastada de Ju, comparecendo em festas, visitando-a em num ou noutro fim-de-semana, ou se a princesa os chamasse.

Os seus doze anos não a impediam de ter o seu palácio, desde que se mostrasse responsável em todas as ocasiões, senão perderia a confiança dos pais. Porém Ju era uma jovenzinha muito responsável, afável e zelava pelo bem estar dos habitantes do seu palácio.

Os dias pequenos de Inverno iam crescendo devagar até que a Primavera se foi aproximando lentamente. Certa tarde, um dos Elfos subiu ao andar da princesa Ju para lhe dizer que a procuravam. Havia um visitante à porta de entrada do palácio que pedia para ser ouvido por Ju. A princesa pediu ao Elfo que dissesse ao visitante que desceria dali a pouco.
____________________
Toto retirada de

quinta-feira, 18 de março de 2010

Encontro inesperado


O salão nobre do palácio tinha dois candelabros de cristal enormes que iluminavam a sala. Havia uma orquestra em cima de um estrado. Havia pares que dançavam de tal forma, que parecia que deslizavam numa pista de gelo. Os passos e os gestos eram muito graciosos.

Quando a Criança e Minedu chegaram à porta de entrada, fez-se silêncio. A anfitriã saiu do seu lugar e foi recebê-los. Explicou-lhes que os mandara chamar, não por haver uma emergência qualquer, mas para participarem também na Festa do Inverno no palácio de madrepérola.

Os olhos da Criança estavam fixos na bela jovem que estava à sua frente. Achou-a linda. Achou-a perfeita. Prestou atenção no seu olhar doce, no seu rosto cândido, no seu sorriso encantador. Tinha uns cabelos longos, sedosos e brilhantes. A sua voz era suave. A princesa Ju explicou à Criança que há algum tempo que queria conhecê-la, mas teria de ser numa ocasião especial. Numa festa que homenageasse Fantasia e todos os seus habitantes: humanos e não humanos.

Quando a bela jovem voltou a falar, disse que se chamava Joana, embora todas a tratassem por Ju, que tinha doze anos e era princesa. Ali todos tinham lugar.

A Criança agradeceu e aceitou o convite. Os dois foram sentar-se nos sofás de veludo carmim a conversar. Entretanto, os convidados tinham reiniciado o baile. Homens e mulheres, elfos, princesas, unicórnios dançavam. Por vezes paravam para beber sumos de frutos naturais, água e comiam bolos de frutos silvestre, pãezinhos de leite com fiambre, mel e compotas.
A noite ia avançada quando a Criança se despediu de Ju, a princesa que o convocara para a festa mas que também lhe segredara que precisava de se encontrar com ela de novo, por causa deum dos unicórnios. A Criança despediu-se de todos e já no último degrau da escadaria, subiu para o dorso de Minedu e partiu.
Naquela noite, a Criança sonhou com a princesa Ju...
____________________
Foto de N Augusto

quarta-feira, 10 de março de 2010

O Palácio de Madrepérola


O frio cortante sentia-se mais nos céus. Minedu procurou proteger a Criança com a sua plumagem. Não sabiam o que iriam encontrar nem em que parte de Fantasia. Deixavam-se guiar pelo amuleto que brilhava com intensidade. Voavam o mais depressa que podiam.

A dada altura, o amuleto começou a acender e a apagar continuamente o que indicava que estavam perto do local. Alguns momentos depois avistaram uma luz intensa que iluminava grande parte da floresta. Nessa altura, a luz do amuleto extinguiu-se e Minedu desceu em direcção àquela luz.

O que tanto brilhava, deixou-os boquiabertos. Era uma palácio maravilhoso todo construído em madrepérola e completamente iluminada.

A Criança saltou para o chão cheia de curiosidade. Minedu também não foi capaz de disfarçar como tinha ficado maravilhado. Ele, que conhecia Fantasia, como é que nunca vira semelhante palácio?

Quem os esperava no cimo de uma longa escadaria em caracol era o Unicórnio. Convidou-os a juntarem-se a ele e deu as boas-vindas aos dois. A Criança e Minedu estavam estupefactos. Ainda há algum tempo andava completamente desorientado e agora estava ali, simpático, cordial, calmo. Tinha umas lindas borboletas que dançavam em torno do seu pescoço, como se fossem um colar.

Ainda que a Criança lhe fizesse várias perguntas sobre a necessidade de estarem ali, o Unicórnio limitou-se a responder com monossílabos que em nada esclareciam a situação.

Os corredores pelos quais iam passando eram todos eles em madrepérola e prata. Neles podiam ver-se esculpidas todas as criaturas que habitavam Fantasia. Subiram ao segundo andar por uma majestosa escadaria. O Unicórnio mandou-os entrar na sala. E o que viram deixou-os se não apaixonados, pelo menos fascinados.
***

sexta-feira, 5 de março de 2010

Festa de Inverno


No primeiro dia de Inverno, todas as escolas de Fantasia fecharam. Tinha caído um grande nevão e não era seguro sair de casa. Ainda assim, alguns jovens festejaram o facto fazendo bonecos de neve e atirando bolas de neve uns aos outros ou deslizando nas ruas dos seus bairros. Outros não gostavam nada dos nevões, pois ficar fechado em casa não era nada agradável. Havia pais mais rigorosos, claro.

Na floresta também os duendes, os gnomos, as feiticeiras, as bruxas, as fadas, os unicórnios se deliciavam com essa nova paisagem. Faziam mil e uma diabruras uns aos outros, presentes, surpresas, que há muito tinham planeado em segredo! É que o início do Inverno era celebrado com uma festa. Do mundo dos humanos, só a Criança sabia e participava nessa festa.

Começavam por acender fogueiras e tochas, colocavam na Clareira dos Encontros uma longa mesa de madeira e bancos corridos. Nessa mesa colocavam bebidas e alimentos naturais. Colocavam também saquinhos de sarapilheira e era nesses saquinhos que estavam os presentes, as surpresas e uma ou outra diabrura.

O Inverno significava para todos uma purificação da natureza e de todos os seres. Algo desaparecia para regressar na Primavera em todo o seu esplendor. Daí que tudo fosse muito natural e relacionado com a Natureza.

Tudo ficou pronto às dezassete horas. Ainda havia um frágil raio de luz, mas com tantas fogueiras e tochas acesas havia luz e calor suficientes. Primeiro, beberam chocolate muito quentinho com "marshemellows"; comeram bolos de avelã e amêndoas; maçãs caramelizadas; favos de mel. Depois trocaram os saquinhos de sarapilheira. Em alguns havia runas que prediziam o futuro. Noutros havia tarefas que tinham de ser realizadas, como ir buscar uma bola de neve e oferecê-la a alguém ou dizer uma quadra alusiva ao Inverno.
Estava-se nesta fase de descontracção e diversão, quando o amuleto da Criança começou a brilhar. Mais uma vez a solicitavam para ajudar algo ou alguém. Minedu que estava logo ali, compreendeu o chamamento silencioso da Criança e foi ter com ela.
Pedindo desculpa a todos os convivas, a Criança disse-lhes que tinha de se ausentar pois estavam a precisar dela em qualquer ponto de Fantasia. Pulou para o dorso de Minedu, o dragão de penas, e partiram.
*******

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Perseguição


Sem poder sair de casa, depois das aulas, por causa da chuva e do vento, a Criança e os seus irmãos jogavam consola, viam televisão e liam. O que menos gostava de ler, era o irmão mais novo de Criança. A irmã mais velha lia bastante e a Criança lia ainda mais. Era essa a forma de entrar em Fantasia.
Preparava-se para ler a História Breve da Lua, de António Gedeão, uma peça de teatro que seria apresentada na escola, na Semana da Cultura Cientíca, quando o seu amuleto, que trazia ao pescoço, se iluminou. Era uma pequena medalha, em madrepérola que representava duas imagens, uma feminina e outra masculina, entrelaçadas. Recebera o amuleto das mãos de uma bela Princesa, em troca de a Criança lhe ter salvado a vida há alguns anos atrás. Assim, também a Criança estaria sempre, sempre protegida.
Ora, sempre que este se iluminava, isso queria dizer que algo de estranho se passava em Fantasia. Chamou por Minedu, o dragão de penas, que logo apareceu à janela do seu quarto. A Criança abriu a janela e saltou-lhe para o dorso. Depressa se afastaram, num voo rápido.
O amuleto continuava a brilhar e quando parou, Minedu desceu para o local que o fizera apagar. Ficaram surpreendidos com o que viram. Era a jovem, com o seu vestido em forma de lua, que entrava na peça de António Gedeão, que ali estava. Estava descabelada, enlameada e chorava. Quando se acalmou, contou à Criança e a Minedu que no momento em que regressava a casa depois dos ensaios, sentiu algo ou alguém que a perseguia. Primeiro, começou por andar mais depressa. Logo a seguir, correu e correu e corre e caiu. Os passos estavam cada vez mais perto. Sentia-se à mercê do que quer que fosse. Só esperava que fosse rápido. Pediu mentalmente socorro. Entretanto, quando já se julgava perdida, a Criança e Minedu chegaram e salvaram-na.
A Criança perguntou-lhe se por acaso chegara a ver quem a perseguia. Ela disse que não. Não conseguira ver nada com o medo que sentiu. Depois agradeceu por a terem salvo.
A Criança disse à jovem que a levava a casa . Subiram as duas para o dorso de Minedu, que se elevou nos céus de forma elegante e suave.
Depois de deixarem a jovem em casa, a Criança e Minedu comentaram aquele incidente. Era o segundo acontecimento estranho que acontecia em Fantasia. Mais um mistério para resolver...

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Desapontamento




Era um dos mais belos pores-de-sol de Fantasia. Ou assim parecia ao Dragão de Penas e à Criança. Na verdade, talvez nunca tivessem prestado muita atenção a esse encanto natural.

Já o Unicórnio parecia enfeitiçado com o fenómeno. O seu corpo estacava com elegância e os seus olhos continuavam fixos no horizonte. As cores do céu iam mudando como que por magia. O azul tornava-se de um laranja e dourado inigualáveis. As nuvens pareciam pequenos laivos de algodão com os mesmos tons. E o mar era uma superfície espelhada e colorida.

O Unicórnio continuou a ver o sol pôr-se e a desaparecer a pouco e pouco no mar. Assim que o sol partiu, relinchou. Bateu com o casco da perna direita na terra. Voltou a relinchar. Ergueu-se nas patas de trás. Voltou a relinchar e saiu a galope.

A Criança e o Dragão de Penas, sempre escondidos, acharam que, mais uma vez, algo de grave se passava com o Unicórnio. Algo de incompreensível, muito inquietante, que o fazia reagir com fúria e andar completamente desnorteado por Fantasia. Só que não era fúria o que o Unicórnio sentia. Era desapontamento e tristeza. Outras vezes era felicidade suprema.

Em Fantasia ninguém conhecia ou compreendia a razão para essas mudanças de humor! A Criança montou novamente no Dragão de Penas em direcção a casa.

***


Foto de F Nando

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A Clareira das Decisões


A Criança temeu durante algum tempo pela vida do Unicórnio. Nem ela conseguia acalmá-lo. Não compreendia a razão dessa insitência de pôr a sua vida em risco. Algo de anormal se passava em Fantasia. Para tentar descobrir o que se passava, a Criança convocou alguns dos seres mágicos e fantásticos de Fantasia. Juntos com certeza que iriam descobrir esse mistério.

Gnomos, Duendes, Fadas,Condes, Princesas, Príncipes, o Dragão de Penas, os Pés Gigantes, Feiticeiras, Robots foram chamados à Clareira das Decisões. A Criança, presidente da reunião, deu a palavra a todos. Só que nem todos conseguiam ver ou tinham algumavez visto o Unicórnio. Só quem fosse muito nobre de coração!

Os Gnomos afirmaram perante todos que, desde o dia do acidente, nunca mais o tinham visto. Os Duendes explicaram que só conseguiam vê-lo de madrugada e que a essa hora estava bastante calmo. Os Pés Gigantes confirmaram que à tarde, sempre que passava pelo País dos Pés Gigantes, cantava, relinchava, trotava e corria que num um doido.

Todos os presentes ficaram perplexos com estas últimas informações. As Fadas foram as primeiras a refazer-se desta atitude do Unicórnio e como tinham sido elas que o tinham salvado do acidente, sugeriram que o melhor seria vigiar os movimentos do animal dia e noite. O Dragão de Penas, como podia voar e via muito bem à noite, comprometeu-se a ser o vigilante. Todos concordaram sem reservas.

A Criança agradeceu a presença e colaboração de todos, que logo se despediram e partiram. O Dragão de Penas baixou-se para que a Criança subisse para o seu dorso e voar em direcção e casa. Só que em vez de ir para casa, ambos fizeram uma grande viagem à procura do Unicórnio. Quando se preparavam para desistir, encontraram-no a olhar fixamente para o pôr-do-sol numa das falésias. Estava quieto! Muito quieto!
A Criança e o Dragão de Penas combinaram que o melhor seria esconderem-se e esperar para ver o que iria acontecer... Que mistério!!!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

No País dos Pés Gigantes

À medida que a fada ia falando, a Criança foi ficando mais tranquila. O Unicórnio tinha sido salvo. Tinha havido algumas complicações, mas nada que as poções mágicas das fadas não pudessem resolver. Mas algo preocupava as fadas. Como é que o Unicórnio se tinha ferido? Uma delas chegou mesmo a sugerir que talvez tivesse sido atacado por alguma criatura desconhecida em Fantasia.

A Criança interveio e disse que isso não acontecia em Fantasia, pois todos os seres e tudo o mais vivia em harmonia. Além disso, ela conhecia bem todos os seus habitantes. O Unicórnio devia ter tido um acidente. Sim era isso. Algumas das vezes que o vira, corria loucamente e sem qualquer noção de perigo.
O Gnomo corroborou as palavras da Criança. Também ele já o vira correr desenfreadamente. Todos desejaram que mais nada lhe acontecesse, nem aos seus irmãos.
Entretanto o tempo foi passando e a Criança, vendo que se fazia horas de regressar a casa, despediu-se de todos, prometendo voltar.
O caminho mais rápido era passando pelo País dos Pés Gigantes. Eram esculturas que se humanizavam sempre que a Criança por ali passava. A Criança de Fantasia tinha esse precioso dom: humanizar as estátuas e não só. Também tinha outros que, agora, não posso desvendar.
Depois de andar muitos passos pela floresta, viu de longe o País dos Pés Gigantes. Assim que se aproximou, os Pés Gigantes adquiriram vida e receberam a Criança com muita alegria. Quiseram saber onde tinha estado, para estar tão longe de casa. A Criança contou-lhes tudo o que tinha sentido naquele dia, por causa do acidente do Unicórnio. Um dos Pés Gigantes confirmou-lhe que o achava muito estranho nos últimos tempos. Fazia umas grandes e arriscadas correrrias. Porém, a partir dali teria, com certeza, mais cuidado antes de se arriscar tanto.
Já a Criança quis saber o que se passava no País dos Pés Gigantes. Um dos Pés contou-lhe que tinham sido visitados por vários seres humanos que os tinham fotografado só por curiosidade. Ouviu-os também comentar que era muito estranho haver ali aquelas estátuas tão estranhas. Não compreendiam o que o seu autor queria com elas. Outro Pé arrematou dizendo que esses visitantes se tinham esquecido de ver este mundo fantástico. Já não pertenciam a Fantasia.
A Criança concordou. Todos concordaram no País dos País Gigantes. Era preciso restabelecer a crença em Fantasia.
A Criança despediu-se, subiu para o dragão de penas e regressou a casa.
***
Nota: Fotos de F Nando

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Histórias e poções mágicas



A Criança não saiu de perto do gnomo enquanto não teve notícias do unicórnio. Para ela todos os seres do universo eram divinos e só a harmonia podia prevalecer em Fantasia. Era necessário proteger os animais, as plantas, os seres fantásticos, os seres humanos. Enfim, era necessário continuarem a protegerem-se uns aos outros, como acontecera até ali. Não imaginava a vida de outra forma.
O tempo tardava em passar. O gnomo, vendo a Criança tão impaciente, contou-lhe a história do "João Pateta", do autor dinamarquês Hans Christian Handersen. A Criança riu-se muito com os belos presentes que o João Pateta recolhia e levava para dar à princesa: uma gralha morta, a parte de baixo de um tamanco e lama. Ainda se riu mais quando o João Pateta respondeu com inteligência aos desafios da princesa, apresentando como sugestão ou argumento cada uma das prendas que levava.
Ainda se riu mais quando João Pateta atirou com lama à cara do mestre dos escribas para que nada daquela "entrevista" se soubesse. A princesa gostou dele, casaram e foram rainha e rei. Os dois irmãos de João Pateta é que não deviam ter gostado muito.
Ainda passaram duas longas horas, assim pareceu à Criança, até que as fadas regressaram ao palácio. Estavam sujas e despenteadas, porém felizes. O unicórnio ia sobreviver e, depois de se recompor com as diferentes poções mágicas, todos os que tivessem sorte iriam vê-lo a passear pelo bosque. Só alguns tinham esse privilégio e a Criança era uma delas.
*******

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

«A Maior Flor do Mundo»

Cansada de brincar nas traseiras da casa com os irmãos, a Criança avisou-os que ia visitar as fadas, pois já há muito tempo que não o fazia. Avisou também os pais para que estes não se assustassem quando dessem pela sua falta.

Embrenhou-se na floresta que naquela altura do ano, o Outono, era uma autêntica aguarela de tons. As árvores tornavam-se policromas: entre o amarelo velho, o castanho, o vermelho, um restinho de verde escuro tudo parecia a mais pura harmonia do Universo. Como as folhas caíam à menor brisa ou mesmo sem ela, o chão ficava atapetado e macio.

A Criança gostava de admirar a floresta nesta altura do ano. Tudo se preparava para entrar no Inverno onde tudo estaria mais despido e faria mais frio. Com certeza que nevaria. E aí a paisagem e as brincadeiras seriam outras. Fantasia era ainda mais Fantasia!

Quando a Criança chegou ao palácio das Fadas, disseram-lhe que elas tinham ido salvar um unicórnio que caíra numa ravina e estava em perigo de vida. A Criança quis ir ter com elas, porém um sábio gnomo aconselhou-o a não ir. Ele não sabia ao certo o local onde se encontravam e podia ser perigoso. Sugeriu-lhe que fossem até à bibloteca e, assim, enquanto esperava, podia ler um livro.

A Criança, que já lera muitos e muitos livros, pediu-lhe uma sugestão. O gnomo subiu a escada para chegar a uma das estantes e retirou um livro intitulado A Maior Flor do Mundo. Assim que o entregou à Criança, ela explicou-lhe que já tinha lido aquele livro e que era dos mais belos que tinha lido. Como o gnomo ainda não tinha lido aquela história, a Criança contou-lha.

Um menino sai da sua aldeia e vai ver mundo. Afasta-se seguindo o curso do rio, viajando até Marte, apesar da sua tenra idade, e já em terra descobre uma flor.
A flor que estava sequiosa. Não havia água ali perto! A flor é salva graças ao esforço do menino que faz muitas caminhadas, trazendo na concha das mãos, o precioso líquido para matar a sede à flor que se torna viçosa e linda. O seu amor pela Natureza é inabalável pois no fim desta aventura os seus pés ficam a sangrar. Já muito
cansado adormece e a flor deixa cair uma bela pétala para o proteger.
Quando os pais e vizinhos o encontram, pois já o julgavam perdido, é levado para a aldeia onde é considerado um herói.

O gnomo enterneceu-se com a história e quis saber o nome do seu autor. A Criança disse-lhe que José Saramago era o escritor. E mais! No início da narração da história,Saramago confessa que não sabe escrever histórias para crianças, que não tem paciência, que tem de se utilizar uma linguagem simples.
O gnomo disse que a história que acabava de ouvir, contradizia tudo o que José Saramago dissera. A Criança reforçou que aquele tinha sido o único livro infanto-juvenil que este escritor escrevera, contudo era uma obra prima. Aliás, até já lho dissera pessoalmente.
Quando? - quis saber o gnomo.
Num destes dias, em que José Saramago passeava por Fantasia!
*******
Esta história foi adaptada para cinema./ Espanha 2006/ Animação/ 10m
http:/cinema.sapo.pt/filme/a-flor-mais-grande-do-mundo

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Harmonia



A Criança de Fantasia tinha toda a liberdade para andar por todo esse Mundo. Na verdade, ele nascera por causa dela. E era aí que havia de viver muitas e muitas aventuras.


Gostava de brincar na floresta, nas clareiras, nos riachos, à beira mar. Sim, em Fantasia havia também um Oceano de águas límpidas. A Natureza era completamente intacta. A mão do homem tivera o cuidado de pensar os espaços que ocuparia. Tudo fora bem planeado. Harmonia era a palavra de ordem.

Como a Criança se divertia com os seus irmãos! Brincavam ao esconde-esconde; ao lencinho; ao pião. Nas tardes de sol, andavam de pónei. E muito ao fim do dia, viam unicórnios lindíssimos! As fadas e os gnomos eram os confidentes de Criança-


Os pores-do-sol em Fantasia eram maravilhosos. Ver o sol descer no horizonte que mais parecia uma paleta de cores do amarelo dourado suave, ao laranja, ao violeta e rosa era um milagre da natureza. A luz que ia desaparecendo, dava lugar a um azul luminoso e mais tarde, quando desaparecia, ao azul-noite.
Como passariam as noites? Sim, em Fantasia não havia energia eléctrica...
*******
Nota: fotos de F Nando

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Cantinho das Fadas

Numa clareira de Fantasia, costumam ver-se com frequência as Fadas. São pequeninas e lindas, mais parecem princesas. São pequenos seres fantásticos e mágicos. Vivem em pequenos palácios, perto de riachos límpidos, onde se vêem peixinhos de diferentes tamanhos e cores.
Sempre que Fantasia corre perigo, agem com a rapidez de um raio. São as suas protectoras. São as conselheiras de Criança.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

FANTASIA

Fantasia é um paraíso inimaginável e quase indescritível, onde tudo é perfeito e belo. Os bosques têm árvores centenárias e outras mais jovens, pois este mundo está sempre a renovar-se. Neles encontramos abetos, castanheiros, plátanos, acácias, carvalhos, cedros, nogueiras, salgueiros, cerejeiras, figueiras, ameixeiras.

Proliferam árvores sempre verdejantes, com copas frondosas e redondas. Em Fantasia o clima é ameno, ainda que chova e faça sol. Ambos são essenciais.

Musgo, fetos, flores e cogumelos atapetam o solo fértil, que ninguém cultiva. Não há necessidada! Tudo nasce espontâneamente para alimentar os animais e os seres humanos.

Os trinados dos pássaros enchem todo esse éden. Os riachos cantam melodias líquidas e límpidas. A brisa sopra ligeiramente nas árvores. Há uma harmonia musical completa. É a música do Universo.

Está-se no início do Outono e a vegetação é exuberante. As flores nascem naturalmente, pelo menos algumas delas. Outras é a Criança e os habitantes de Fantasia que escolhem as mais belas , coloridas e odoríferas! Os duendes e gnomos encarregam-se de tratar delas. Regam-nas, alimentam-nas e falam com elas. Elas respondem de diferentes formas, com gestos e algumas até com palavras.
São tão frágeis e, no entanto, tão belas todas as flores de Fantasia. Há-as por toda a parte. Rosas e tulipas de diferentes cores; amores-perfeitos em canteiros simétricos; grandes goivos ; gardénias e mais gardénias; lírios e narcisos, violetas; lilases.
Fantasia é um Jardim concebido de propósito para a Criança, que gosta muito de vida e cor. É aí que passeia e se diverte com os seus irmãos e amigos.
Não sabe explicar como tudo acontece em Fantasia, pois basta-lhe pensar, sonhar, pedir mentalmente e os seus desejos são concretizados. Também não sabe explicar por que é que nunca partilhou isso com a sua família e os seus amigos. Talvez o achassem louco e o obrigassem a fazer uma série de exames médicos e o levassem ao psicólogo.
Esta Criança sabe o que quer e imagina que muita coisa está para acontecer. Muitas surpresas a esperam.
***
Nota: Fotos de F Nando

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A Criança

Vou contar-vos a história de uma Criança. É uma Criança como qualquer outra criança. Como todas elas, tem uma família: pais, uma irmã, primos e primas, amigos. Vai à escola e dá-se bem com os professores e os colegas! Vive feliz!
Esta Criança tem todos os nomes que lhe queiram dar, aquele nome de que gostem mais. Cabe aos meus leitores dar-lhe um nome. Também não tem sexo, tanto pode ser rapaz como rapariga , escolham mais uma vez. Há apenas um pormenor que não podem esquecer: é uma Criança.
Esta Criança tem uma particularidade: passa o tempo todo a sonhar. Cria belíssimas e arriscadas aventuras na sua mente. Tem uma imaginação prodigiosa! Inventa personagens como o Dragão de Penas, os Come-Fogo, as Bruxinhas Elegantes, os Gnomos, os Elfos e tudo, tudo se passa... Sabem onde?
Em FANTASIA, pois claro!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010