quarta-feira, 27 de abril de 2011

Indecisões

Durante uns momentos a princesa Ju ficou estática a olhar para o brasão que estava no lacre sem abrir o pergaminho. Parecia-lhe reconhecer a família brasonada. Trocou breves palavras com Olho Azul e sentou-se no colchão, que ambos aproximaram mais da janela para a princesa ver melhor.
A imagem não era nítida, mas depois de apurada observação e com a ajuda do unicórnio chegaram à conclusão que se tratava de um centauro, o que não era um bom augúrio pois representava a brutalidade, a invencibilidade, a força. Quem escrevera aquela missiva pertencia a uma família nobre ameaçadora, poderosa. A princesa já sentira a brutalidade do seu carcereiro nos primeiros tempos que ali permanecera.
Sentia receio de abrir o pergaminho. Antes de o fazer levantou-se, foi até à janela gradeada, olhou para o exterior à procura de paz e coragem. Via apenas o mar e o céu. O mar era de um azul transparente, para se tornar de um azul mais escuro devido à profundidade. Também o céu estava azul, sem uma nuvem. O sol brilhava em todo o seu esplendor.
"Há quanto tempo estamos aqui?" - perguntou-se mentalmente. "Que nos vai acontecer? Nunca mais verei Fantasia?"
- Princesa, princesa - repetiu o unicórnio Olho Azul por ela estar tão absorta nos seus pensamentos - tem de ler o que está escrito no pergaminho. Pode ser que tenhamos uma boa surpresa.
- Achas? Não creio! Viste o brasão como eu e sabes bem o que significa.
- Sei princesa Ju, mas podemos sempre ter esperança.
- Sim, eu sei. Só que algo me diz que não será assim Olho Azul.
A princesa saiu de perto da janela, sentou-se no colchão onde tinha deixado o pergaminho mirou ainda o brasão e de seguida abriu-o.

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